terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Feliz Natal


Boas Festas Feliz Natal para todo o Mundo

domingo, 12 de setembro de 2010

Aventura depois da sesta



Este domingo após o almoço e uma sesta, peguei no carrito, e com a esposa partimos para visitar os meus pais.
Pensámos dar uma volta maior, percorrendo caminhos desconhecidos entre os loiros arrozais. Pela mota do rio que nesta altura está seco, pude ver que uma grande parte foi limpo com máquinas próprias, para receberem as águas do próximo Inverno.
O arroz encontra-se na fase final de amadurecimento, e não tarda que as ceifeiras (mecânicas) iniciem o seu trabalho.
Foi uma pequena aventura, (porque às vezes gosto da aventura), num local onde existem diversos cruzamentos de caminhos, que muitos vão embocar em locais sem saída, nas centelhas dos arrozais, valas ou pequenas pontes de madeira onde não podem circular veículos pesados. Caso se tornasse deveras complicado, teríamos que fazer marcha-atrás e seguir pelo caminho antes percorrido.
Subitamente num local escondido encontrámos um caçador (meu conhecido) e, sentado, de espingarda em punho, fazia uma espera às rolas. Após uns minutos de conversa indicou-me um caminho que iria dar à povoação. Continuei, mas com mais dificuldade, visto que o caminho era mais indicado para veículos todo – o – terreno. Transpusemos alguns riachos que levavam pouca água, onde se podiam ver alguns lagostins que com os braços levantados suplicavam que não os atropelasse. Mais adiante uma casota de um pastor e muito próximo dali uma fonte que brotava água por três bicas. Depois de matar a sede continuámos até encontrar caminho melhor e mais seguro que nos guiou à aldeia










sábado, 31 de julho de 2010

O livro dos fiados










No sótão do velho casaréu
Entre pó e teias de aranha
O livro dos fiados guardado.

Num baú de um amigo
E depois de tudo pago
Na data foi arquivado.

Petróleo azeite cloreto
Arroz massa e bacalhau
Uma conta de 30 escudos.

Nomes dos que já partiram
Fregueses nesta terra de paz
E de todo não sou capaz
Perpetuar este viver passado.

O saber naquele tempo
Na escola de seu pai aprendido
Dele fizera um homem às direitas
Contra ele nunca se enganava.

Como quisera ir mais além
Um empréstimo contraiu
E pagadas todas as letras
No vestido da pequerrucha
Para assim todo o mundo ver
Pelo entrudo as exibiu
Liberto d'um grande dever.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

A visita






- Então não vai visitar a sua irmã que também está sozinha?
- Ela é que havia de vir visitar-me que é mais nova do que eu…e tem melhor perna.
Aparelhei a mula à carroça e num Domingo à tarde lá fomos visitar a irmã da Ti Maria.
- Até me admira vires aqui! Vieste porque te trouxeram, senão ainda não era hoje.
- Então estás boa?
- Eu estou e tu?
- Sabe Deus!
Após uns minutos de apresentação, a conversa muda de rumo:
- Hoje só comem lambarices, iogurtes, não são como dantes, vender figos como eu andei com uma cesta à cabeça a correr de porta em porta. E quem é que hoje anda de manhã à noite acarvados na água a mondar arroz para ganhar meia dúzia de tostões!... Chegava-se ao meio dia, íamos comer umas batatitas já azedas. Hoje, os novos é só competadores e não fazem mais nada que é só falar com aquilo nas orelhas… passam a vida nisto.
- Olha lá tu não sabes o que dizes! Tu desde sempre foste muito mimosa! - Respondeu-lhe a irmã. - Nunca soubeste o que era fazer uma pabeia de mato, nunca andaste à frente das vacas ou agarrada à charrua como eu andei! Está calada! mandaram-te aprender costura pó Pedrógão, andavas sempre à sombra. Foste muito mimosa!
- Não sei o que tu dizes! Daqui a pouco já nem oiço nem vejo!
(risos)
- Só ouves o que te convém! Se fosses mas é à fava mais a conversa!!!
Alguns minutos depois, acenava-me para irmos embora para casa… para não ouvir da irmã o que não lhe interessava.
Chegámos, já o sol se tinha escondido no outro lado da serra.

terça-feira, 2 de março de 2010

Em tempo de chuva e frio







No dia anterior, o serviço meteorológico indicara mau tempo, ventos fortes e chuva intensa a partir da meia-noite. Porém, aqui por terras de Sicó, mais propriamente por Almártega, a intempérie foi mais intensa no dia de sábado.
O vento soprava forte logo de manhã e eu mantive-me na cama mais umas horas, depois de uma semana de intenso trabalho. Por volta das catorze, a luz foi-se embora. Aproximava-se a noite, e eu tive que abastecer a casa com água do tanque.
Os filhotes rodavam as torneiras e carregavam nos interruptores esquecendo-se da falta de corrente. Uma chapa de zinco solta de um qualquer barracão, voando com a força do vento, cortara um cabo eléctrico. O velho petromax, que há muito não funcionava, ainda estava operacional e o jarrican ainda continha petróleo suficiente para alumiar a casa durante a noite. A lareira acesa, chicharro (carapau) grelhado com batatas, grelos e cenoura do quintal, foram a nossa ceia.
A Jo aproveitou a luz do petromax para continuar o seu trabalho de design enquanto o Ti se deslocou à cidade para mais um jogo de Futsal.
Liguei o velho rádio a pilhas num canal de musica clássica, ao som da qual, comecei a escrever estes gatafunhos, achando tudo isto muito romântico. Instantes depois a Jo pediu que mudasse de posto porque já estava farta da música e da ópera.
Será que todos os jovens são assim? Não gostam da música que foi feita com todo o cuidado?

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

A cheia ao campo





Avisto-te ao longe, mas…
Como te conseguir alcançar
Esperar o entardecer? Não!
Que a cheia vaza devagar...
Estou ansioso por namorar

Uma barca vou desamarrar
Bela adornada como o teu olhar
Percorrer o teu caminho
Abalizado por junca submersa
A cheia sempre baza devagar...

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Ai se ele cai...também se ergue...









As brechas que o tempo não perdoa existem, o templo pode ruir a qualquer momento.
Morada de culpas lavadas na presença do Mestre, purificadas por améns e preces, e também o corpo pela medicinal água que corre a teus pés, sob ocultos caminhos que os crentes pisaram, hoje extenso silvado que arranha quem no tempo tropeçou e te esqueceu.
Desesperam: na torre, o sino há muito adormecido e, nas paredes, os vitrais sumidos ao passo das escamas paridas e decapitadas da palmeira, na ansia d'um restauro que alegre a esperança das gentes.
Emaranhados arbustos selvagens formam o amieiro, o teu ósculo envolto em tentáculos efusivos que te abraçam; e bombardeada és por soldados que, lutando hoje, mancham a tua fronte rugosa com balas pluricolor, matando a fome à vida selvagem que a tua mata abriga.