Ainda há dias pediu a um filho que lhe comprasse adubo e uns quilos de batatas para semear, para se ir entretendo a cultivar no quintal.
Disse que lhe faria bem às dores de costas. Acredito, mas tem o homem que lhe dá bastante que fazer. Os seus noventa e quatro anos pesam-lhe e está a ficar muito dependente.
A partir dos noventa que deixou de conduzir o seu automóvel, foi uma desgraça, vê-se a piorar de dia para dia, o que o leva a tomar muitos medicamentos. Ela porém zanga-se sempre que está na hora da toma, e porque ele tem que tomar vários medicamentos ao dia, fica impaciente porque, para ela, os remédios deviam curar, “É para isso que se gasta o dinheiro. Oh meu Deus! É todo o dia encharcado em remédio para não valer de nada! Oh homem, se eu fosse a ti, não tomava mais nada! A gente sempre tem que morrer"!
Fala assim porque tem sido uma mulher rija, apenas toma um comprimido todas as manhãs para a tensão, quanto ao resto, as últimas análises que fez, já lá vão mais de meia dúzia de anos, estavam dentro dos parâmetros normais para a idade.
Só se lembra de ir ao hospital há anos com uma forte dor de cabeça e de ir ao médico por causa das vistas. O médico recomendou-lhe apenas para lavar os olhos com água fervida todas as noites antes de deitar, medicina esta que se mantém sem esquecimento todos os dias.
Não come bife ou febras porque os dentes já não ajudam, apenas come a carne branca que é mais tenra e fácil de mastigar. Gosta de cozinhar à sua maneira e de cozer a broa.
Já para o Ti Joaquim as refeições são à base de dieta.
E agora pergunto eu:
- Como se chega aos noventa e um anos assim com toda esta genica? E onde pára o colesterol?
Será pela agricultura biológica que utiliza, onde apenas emprega cinzas, estrumes e… a pinguita de vinho morangueiro proveniente duma única cepa que lhe dá para todo o ano? Será que é isso que contribuirá para a sua longevidade, mesmo sabendo nós agora que este é um vinho que contém agentes tóxicos?
Ah!... Ainda há dias foi à Caixa levantar a sua pensão e, não é que se chateou com o novo funcionário por este colocar a almofada do carimbo em cima do balcão!
"Vá, dê cá o dedo!" Ela admirada, falou sem meias medidas "Você não deve estar bum da cabeça! Para que é isso? Então eu todas as vezes que aqui venho não é preciso nada disso! E hoje é porquê? Dê-me cá mas é a caneta para eu assinar!"
O funcionário corou…
domingo, 16 de março de 2008
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6 comentários:
Não o li porque estou de saída mas deixo-te mil bjinhos com muita amizade.
Voltarei.
Grande MULHER, sim senhor!
Que belissima lição objectiva, por vezes temos a mania que somos os mais espertos, os mais elucidados e iluminados, há, graças a Deus, mulheres e homens que nos mostram o "nosso lugar".
Lindo!!!!
Uma Santa semana também para ti.
Beijo amigo de um raiozinho de luar
Gostei do post!
E essa mulher ficou-me cá dentro!!
Semana Santa doce e uma Páscoa feliz em companhia de quem ama.
daquelas à antiga, rijas, despachadas, com aquele jeito desconcertante.
Muito bem, o amigo como sempre escreve grandes momentos.
Já não se fazem seres com a mesma fibra de antes
Conheço assim pessoas idosa na idade, mas jovens por dentro
beijinhos
Mulher de boa cepa, esta de que nos falas. Trouxeste-me à memória a minha querida avó que lia e escrevia como poucas lá na aldeia. Queria ser professora mas o bisavô não deixava que as filhas continuassem os estudos na cidade. E eram só 20 km de distância!
Deixo-te mil beijinhossss
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