quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Pudera eu ter remos e zarpar





Pudera eu ter remos e zarpar
Para bem longe deste pilar
Que amarra o meu olhar

Pudera eu fugir ao tempo
Alcançar outra banda sem demora
Tarda a magia de um alicate
Para cortar a suave corrente
Sem vento do lado poente
Que sopre neste vale de pranto

É o fim da tarde e eu aqui
Escuto apenas o selvagem pato
Que ao longe no caniçal
Procura sítio de pernoitar.

Esta barca negra de pinho e pez
Antiquado ainda quem na fez
Um motor já era altura
Transbordar com tal bravura
Porque não há tempo a perder.

Homem vai a casa buscar
Os remos do barco d’ar
Que o rato no inverno rompeu
Atravessemos este baixa-mar
Para o lado de lá alcançar

Que o medo não é teu... é meu!

8 comentários:

São disse...

Gostei da foto e, mais ainda, do poema.

Um abraço, caro João.

Mare Liberum disse...

Como seria bom poder zarpar para um outro mundo mais justo, mais íntegro, mais solidário. Faltam-nos os remos mas também a vontade e a coragem.

Bem-hajas!

Beijinhos

luar perdido disse...

Pegar nos remos e zarpar, para o outro lado passar...
Por vezes é só mesmo perder o medo de pegar neles e remar. Por vezes é só o medo de não se ser capaz, de se perderem as forças...É só o medo.
Deste lado da margem vê-se um barco que navega cortando suavemente as águas e vem dessa margem com a beleza e docura da amizade. Feliz por recebe-lo nesta margem.

Beijo grande em raios de luar

Luna disse...

É sempre tempo de enfrentarmos os medos e passas para o lado de lá
beijos

Elvira Carvalho disse...

Que belo poema amigo. Um retrato do que vai no peito da maioria de gente da minha geração.
Um abraço e um óptimo feriado

Fá menor disse...

Não sei porquê, mas gosto muito desta foto ;)

Que bem que me entendes...


Bj****s

Daniel Costa disse...

Jo Ra Tone

Gostando de poesia, gostei desta tua proposta, dá uma certa embalagem de leitura.
Vi que desde o feijão verde não te tinha visitado, do que me penitêncio.
E sobre feijão verde brincaste, só pode. Partir feijão aos pedaços para semear?
Como também posso brincar, consentes?
Então porque não semear o o feijão em grão?
Abraço
Daniel

Filoxera disse...

Gostei deste poema.
:-)
Um beijo, Jo Ra.