sábado, 31 de julho de 2010

O livro dos fiados










No sótão do velho casaréu
Entre pó e teias de aranha
O livro dos fiados guardado.

Num baú de um amigo
E depois de tudo pago
Na data foi arquivado.

Petróleo azeite cloreto
Arroz massa e bacalhau
Uma conta de 30 escudos.

Nomes dos que já partiram
Fregueses nesta terra de paz
E de todo não sou capaz
Perpetuar este viver passado.

O saber naquele tempo
Na escola de seu pai aprendido
Dele fizera um homem às direitas
Contra ele nunca se enganava.

Como quisera ir mais além
Um empréstimo contraiu
E pagadas todas as letras
No vestido da pequerrucha
Para assim todo o mundo ver
Pelo entrudo as exibiu
Liberto d'um grande dever.