quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Cuidado com os dentes

Na realidade isto se passou, em noite de Lua Cheia, numa velha casa de aldeia.

O telefone tocou. É do 7323? Pediu para despertar às 3!
Obrigado menina, faria de ti uma rainha.
Num ápice me vesti, para o meu pai ajudar, que havia noites sem deitar.
Logo me pus a caminho para não chegar atrasado, nem levei o Mandavir que até ficou chateado.
Cheguei à hora certa, à casa pelo meu pai indicada, onde eu nem via luz, nem via jeito de nada.
Porque o tempo passava e o homem o comboio ia perder, resolvi à porta bater.
Abriu-a um desvairado, com uma linda donzela ao lado, logo me deu para olhar para ela, com um olho piscado. O homem muito irritado, que mais parecia um desfigurado, pegando numa forquilha, encostou-ma à braguilha.
O que é que quer daqui? Vá-se embora seu vadio senão furo-lhe a barriga.
No momento pensei fugir, mas… Não! Vou resistir.
Calma! Sou o João, filho do taxista a quem o senhor falou, por isso aqui estou para ao comboio o levar. Ou antes me quer matar, pensando que sou ladrão? Vamos embora depressa, se não quer perder o patrão.
Ai desculpe que adormeci, e de todo me esqueci que tinha que ir para a estação. Mas que raio de cabeça, a comportar-me como uma besta, desculpe senhor João. Ainda estou estremunhado, espere uns minutinhos que já fico arranjado!
Pelo caminho então contou que já o seu avô tinha a casa bem armada, porque estava isolada, e pensara, portanto, pôr armas em tudo quanto é canto.
Ao que um homem está sujeito, ficar com as partes com defeito, antes de a velho chegar.
Se tal acontecesse, não era coisa que se fizesse, como me iria gobernar?

Na realidade isto se passou, em noite de Lua Cheia, numa velha casa de aldeia...

13 comentários:

Luna disse...

bem devemos estar sempre bem despertos, ser taxista mesmo nos nosos dias nao e tarefa facil
bjs

Tiago R Cardoso disse...

Brilhante, simplesmente brilhante.

Isamar disse...

A vida de um taxista não é nada fácil. Safaste-te, João, de ter levado uma sacholada nas partes. Contas com cada história!Ai que rica memória!

Bjinhos em noite de lua a encher.

Mara disse...

Jo

Ser taxista é uma profissão de grande risco.
Adorei, que bela história.
Bj

Mara

Daniel disse...

Jo Ra Tone

Ui!... Um tipo de prosa, em verso, se lida com o ritmo, que lhe está na issência, torna-se extremamente bela. Tentei a experiência e resultou em pleno.

Daniel

Isamar disse...

Ahahahah!Há noites de lua cheia em que um homem não pode sair à rua. Mas o João taxista cobiçou mulher que não era sua. E com a forquilha ia levando na anilha. Por pouco se safou de ficar sem as necessárias partes.Com que artes? Acalmou o homem que não queria perder o patrão e saiu de táxi para a estação.

Um beijão!

Evasões disse...

Salvaste os dentes e a braguilha e...beijinhos.
bom fds

Whispers disse...

Ola!

Gostei muito de te ler, mas ca pra nos, te vou dar um conselho, tem cuidado nao batas a porta de quem nao conheces primeiro.
Nao vai la um homem ficar sem ferramenta pra depois brincar:))

Mil beijos
Rachel

Cátia disse...

Que ritmo e que poesia em proza...! Gostei muito.

É mesmo preciso ter cuidado... com o homem e com o olho pisgado :P

Beijinhos

São disse...

Apreciei o ritmo: parece um poema em prosa.
Feliz semana.

Carla disse...

encantada com a forma como escreves, com a beleza do que descreves
boa semana
beijos

gota de vidro disse...

Tens tarefa complicada...

Embora não devesse afinal até tem piada para quem lê, claro. Para ti certamente as coisas não foram assim tão engraçadas.

Está muito bem descrito

um beijo

Carol disse...

O meu pai é taxista e tem com cada história!

Vê lá tu que o João ia ficando sem... Está mal!