sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Medicinas alternativas

Era uma vez um homem, que recém-chegado de França, ao entrar à porta de casa se surpreendeu com o médico. Este tinha sido chamado para curar a dor de barriga da sua mulher, que vinha sendo habitual, e que teimava em não desaparecer. O médico virou-se para o homem e disse "A sua mulher está mesmo mal, portanto tem que ser curada quanto antes. Por isso vou-lhe receitar uma boa canja de galo e uns emplastros de limos e sargaços, misturados com papas de linhaça". O homem, sem perda de tempo, e porque queria a mulher sem qualquer maladia, pôs-se a caminho (a pé, porque naquele tempo os automóveis eram só para os afortunados) para chegar de manhã cedo à praia e apanhar os limos que saíam nas redes dos pescadores. Passada uma hora cruza-se com o moleiro que lhe perguntou para onde ia. O homem contou-lhe tudo o que se estava a passar. "Não é preciso tanto trabalho" diz-lhe o moleiro, conhecedor também de certas medicinas alternativas, "Eu mesmo consigo arranjar cura para a tua mulher! Apenas tens que fazer aquilo que eu te mandar! Em paga apenas quero seis sacas de trigo! Salta cá para cima da carroça enrola-te nessa esteira e pega nesse bordão!"
Prosseguem a viagem. Em chegando o moleiro bate à porta. Abre a mulher e lá está dentro o médico! Porque já era tarde, pediu que lhe desse cômado. A mulher ofereceu-lhe um local para passar a noite, e convidou-o a participar também na ceia, composta por uma boa canja e uma grande travessa de galo com arroz pardo, que estavam prestes a devorar. O bom do moleiro entrando com a "esteira" enrolada, recostou-a atrás da porta na cozinha. Sentados à mesa, o moleiro disse que para animar o momento cada qual teria que dizer uns versos. A mulher começa "O meu homem foi ao mar, limos e sargaços foi buscar, quer os traga quer não traga, cá tenho outro no seu lugar e com enxúndia vou experimentar".
E vai o médico "Nesta casa só há galos. Galos e galeirões, quem me dera agora ester-te entre mantas e colchões."
Por último o moleiro diz "Ó seu homem dum estardalho, comece desde já a conhecer a razão, carregue-me a carroça de trigo, que está na ocasião. Saia já desse esteiralho e pegue nesse bordão". O marido, ouvindo isto, desenrolou-se da esteira com o bordão, preparado para a jantarada!
Deu o arroz ao médico, que depois abalou porta fora. A mulher comeu da canja, indo de seguida para a cama. A dor de barriga tinha passado...
O homem e o moleiro comeram, de seguida, refastelados... o galo!

"estardalho": despresível-bisbilhoteira-traquinas
"esteiralho" : esteira grande com muito uso "

[Caso tenha ferido susceptibilidades com este conto do Ti Joaquim, desde já as minhas desculpas.]

9 comentários:

LUA DE LOBOS disse...

olá
no fundo do meu blog tem um botãozinho que liga e desliga a musica que acompanha o blog
e assim poderás ouvir as outras que andam lá por cma:)
xi
maria

Rui Caetano disse...

As medecinas alternativas são isso mesmo, alternativas e quanto a mim deveriam ser reconhecidas a sua eficácia e qualidade.

Luna disse...

Se as medicinas alternativas,
Pudessem ser alternadas com a tradicional
Quem sabe muito sofrimento acabaria
Beijinhos
luna

quintarantino disse...

... medicina alternativa dessa, marcha já ...

Fá menor disse...

Eu não acredito nisto!!!...
Com que então ador de barriga passou? para onde?

Menina Marota disse...

ahahahahahah... uma boa gargalhada!!!!

Olha o malandro do médico!!!

:)))

Tiago R Cardoso disse...

excelente, bem aplicado o arroz, em doses certas dão muita saude...

Rosa Maria disse...

Adoro estas histórias antigas.

Os termos então são o máximo!

Continua a contar-nos histórias destas.

Boa semana

Beijinhos

Flor de Tília disse...

Ahahahahah!!! Esta mulher! Esta gentinha!
Abracinho
***